9.04.2009

discussão sobre o filme "a professora de piano"

“A professora de piano” retrata a degeneração, a anormalidade... ou a superação da repressão através da perversão? Especulação:
Erika vê, voyer; ela experimenta o sexo como se é em filme pornô. Ela não sente prazer, ou, cadavérica simplesmente não expressa o prazer, ou seria ainda outro tipo de prazer? Então, o que é o prazer? Diz o dicionário: contentamento, sentimento agradável, desejo. E desejo é ter vontade; Erika tem vontade de dor.
E quantos como Erika existem por aí?
“Toda mulher gosta de apanhar, exceto as anormais” diz Nelson Rodrigues. Assim, a perversão só seria o ato sem consenso, e a carta ditava as regras.
“O psicólogo deve ter o mínimo de preconceitos possíveis”. Contudo, até que ponto uma formação universitária pode contribuir para aceitar a singularidade de uma Erika?
Klemmer aceita Erika, ele é “contaminado” por ela, se dispondo a experimentar esse tipo de relacionamento. Aliás, que tipo de relacionamento é esse? É amor? O que é o amor; como se ama; como se sabe que é amado; há tipos de amor?
(...) E a música está em tudo.
Erika, tecnicista, interpreta os sentimentos de cada compositor, mas os seus próprios sentimentos... ela não os expõe nem a ele nem na música. E talvez seja, justamente, a música que ligue os dois, o virtuosismo de Walter faz Erika se revelar pra ele. A música quem sabe, esteja por trás inclusive desse modo de funcionamento dela. Ela se sacrificou pela música, ela não brincou de boneca.
A atriz que interpreta Erika sintetiza “A professora de Piano” em “o filme que transporta o espectador a uma experiência incômoda e relevante”. Penso que o essencial aqui seria justamente isso, sensibilizar, desterritorializar, especular e discutir.

4 comentários:

- priscilla. disse...

esqueci quem é o autor da frase dos psicologos...
e o comentário sobre o sacrificio pra ser pianista foi erika que falou a mae da menina do corte, só lembrei depois.

Kleber disse...

A intrigante vontade de Erika só não pode ser uma coisa apenas. Daí vou no teor da postagem. Abraço!

J. Thiago disse...

O virtuose e a tecnicista... Esta parece adentrar n´alma dos grandes inspirados e inspiradores, sondando-lhes o ser. Aquele ri dos andamentos grafados a ferro na partitura e começa a brincar. ´Largo´ em termos de ´Scherzo´... Há, aí, hierarquia!?

Elen disse...

o autor da frase sobre os psicológos é Contardo Calligaris. ele diz que para ser um bom psicoterapeuta deve-se ter o mínimo de preconceito possível. confesso que até hoje não entendo o que ele quis dizer com isso... falar em mínimo possível é falar em condições muito pessoais. e falar em psicoterapeuta é algo que eu ainda não sei como funciona. me lembrei de uma frase de um professor nosso: "a merda é que todo mundo é humano, isso é que complica"!