9.20.2009

Discussão sobre o filme PERSEPOLIS

A discussão sobre o filme Persepolis num primeiro momento girou em torno de informações e curiosidades sobre o filme e sobre a história do Irã. Nesse momento muitos, inclusive eu descobriram que a história do filme é real e que Marjane (personagem principal da história) fez uns quadrinhos falando sobre sua história e que esses quadrinhos viraram filme.

Depois desse momento passou-se a discutir sobre a história de Marjane. Pelo que me lembro em um dos primeiros momentos da discussão falou-se da presença da vó de Marjane em sua vida, como se fosse sua consciência ou superego (para homenagear os psicanalistas visitantes presentes na discussão). A vó da menina era realmente muito importante em sua vida, ela sempre conversava com a neta sobre a situação do país, sobre a história de seus parentes e do quanto sofreram lutando pelos ideais, tanto que quando Marjane estava na Europa e se sentiu fugindo de sua identidade “iraniana” ela imaginou sua vó “te dando uma bronca” porque ela tinha sentido vergonha de dizer que era iraniana.

Para mim, o momento da discussão mais interessante girou em torno da existência ou não de um ideal libertário em Marjane. Alguns achavam que a menina não fez muito para defender a ideologia defendida por seu tio, por exemplo, que ela estava sempre fugindo de sua identidade. Outros achavam que Marjane tinha sim um ideal e que lutava por ele. Tanto fazia pelo seu ideal que aos oito anos ela já prestava atenção nas conversas nos pais sobre o país, gostava de ouvir as histórias de seu tio e sonhava em ser profetisa, coisa que muitas crianças aos oito anos nem sabem do que se trata. Além disso, quando a menina cresce e começa a desafiar a autoridades, os seus pais apreensivos por já terem perdido muitos parentes e amigos resolvem mandar Marjane para a Europa e interrompem sua luta. A menina se impressiona com o encontra na Europa, um supermercado cheio de produtos, uma liberdade que ela jamais teria em seu país e é assim que ela cresce e chega a adolescência. No meio desse choque Marjane esconde de um rapaz que é iraniana e, nesse momento, parece fugir de seu ideal e de sua identidade. Talvez por isso alguns acreditem que ela não lute pelo seu ideal, mas na verdade eu acredito que qualquer pessoa que passasse por isso teria dificuldade de permanecer lutando pelo seu ideal sendo apenas uma criança recém saída da adolescência, fora de casa, longe de sua família e num país completamente diferente do seu.

Ainda sobre a ideologia de Marjane, foi dito também que a única coisa ou mais importante feita por ela em luta por sua ideologia foi a publicação dos quadrinhos que geraram esse filme. A partir daí gerou-se a questão: só se luta em busca de um ideal quem divulga sua luta, quem se torna famoso? Marjane ter tido coragem de mandar a professora sei lá pra onde, ter questionado na universidade sobre a utilidade do véu e sobre poder diminuí-lo porque atrapalhava em algumas aulas nada significou porque ninguém ficou sabendo disso até que ela publicasse a história? Bom, muitos não concordaram com isso, achavam que a publicação da história até tenha sido a maior atitude de Marjane, mas não a única ou mais importante.

Bom, por hoje vou ficando por aqui! Estou meio sem inspiração!qualquer coisa acrescento depois.

10 comentários:

J. Thiago disse...

Pensar é agir?

Laís disse...

"A menina se impressiona com o encontra na Europa, um supermercado cheio de produtos, uma liberdade que ela jamais teria em seu país e é assim que ela cresce e chega a adolescência."

Seria isso uma liberdade ou uma outra prisão?

Juliana disse...

Pois é!
Acho que ela acaba que se descobre em uma nova prisão!

Felipe Messias disse...

Não acho que ela teria feito sucesso e ficasse famosa se ela não escrevesse de uma maneira que "prendesse" as pessoas... se fosse a "verdade" nua, crua e sem condimentos!

Kleber disse...

Um bom papo nos comentários. Vamos pra prosa. Felipe, quando a verdade é nua? Creio que ela nunca seja crua. Nada que passe pela boca, permanece cru! É o que penso. Podemos crer que estamos sendo acionados por botões. É uma posição. É uma ação. Fincar pé nessa constância é outra coisa. É negar a própria constatação do pensamento. A Marjane-Lee na tela foi sempre uma inconformada com o mundo e consigo. Punha-se sempre pra fora do tempo representado. Daí sua beleza. Daí, também, a se tornar uma liderança revolucionária instituída, isso diz mais da gente que dela. Abraço!

Marcel Maia disse...

Fiquei me perguntando se Marjane, a da tela, pegava a onda ou era a onda que a pegava...e a aprisionava...

J. Thiago disse...

Pensei em usar o surfista como metáfora, mas vou fazer uso dos entes de meu próprio mundo: o violonista. Tal músico estuda teoremas, perscruta em alongamentos para os dedos e as mãos, trata das unhas, peleja em exercícios de repetição... Mas tudo isso só tem valor quando a mão e o violão se tornam confusos, confundem e se confundem. O moço sente a música reverberar - literalmente! - em seu peito. Toca não ´para´ uma platéia, mas ´apesar´ dela! Faz-se na música e faz-se música. Não tão somente músico, mas música! Afoga-se na imensidão, tal qual surfista no oceano...

Laís disse...

Gostei Thiago.

Elen disse...

ok, não entendo muito de música, mas fiquei lembrando de Kleber assassinando a juventude. pensei q assim como não conheceríamos os feitos de Marjane se ela não tivesse escrito os quadrinho, também pode ser q não conheçamos hj os feitos de uma ou várias juventudes q podem estar por aí fazendo a sua parte e vivendo a sua vida, gosto de acreditar: "punk is not dead!"

Kleber disse...

I am punk! Matei a juventude. Nada mais punk! Tô com a Elen: "punk is not dead!"