11.25.2009

Por uma floresta de etcétera

Havia um homem que plantava árvores. A vida lhe permitiu essa atividade. Ele a assumiu como uma virtude. Plantar o que o retrado do chão não espera. Diariamente plantava. Escolhia sementes e percorria um ermo espaço, metodicamente enterrando-as na terra. Durante a semeadura, o que imaginava esse plantador? O desenho-filme permite suposições. Fiquei desinteressado delas. Não havia desespero ou esperança naquele homem. Havia a força que persevera quando tudo parece perdido. Força que não se rende a palavras que geralmente mentem. TUDO e PARECE.
Aquele sobrevivente no tempo vivia o seu tempo como árvore. Árvores parecem estar sempre ali. Apenas parecem, pois as árvores migram. Como dizem Matura e Varela, a natureza se inventa. O plantador sabia disso e inventava a sua própria natureza, a ponto de um amigo-narrador da história supor que ele brincava de deus.
Brinvaca de plantar, de plantar como homem. Brincava de plantar como quem não espera colher. Um devir-criança. Daí a sua beleza!
Foi bom estar com vocês nessa semeadura que carrega dentre outras coisas o nome de Tópicos Especiais em Psicologia Social e Institucional/sala de reuniões do DPS-UFS. O que plantamos? Conversas repartidas, letras num blog e alguma coisa que atenda pelo nome de etcétera. Nela nos encontraremos. Tenham meu abraço!

11.17.2009

Discussão - O Grande Chefe

Um "chefe" que para não ser desafeto de seus funcionários com suas atitudes nada respeitáveis inventa um outro chefe, chamado curiosamente de " O chefe de todos".
Assim, este é encarregado de ficar com o ônus do cargo enquanto Ravn é amado por todos.

Um ator fracassado que só se sente feliz quando está interpretando um personagem, esquecendo até de viver sua própria vida.

E um bando de funcionários esquisitos que trabalham numa empresa há anos sendo que nunca viram o chefe.

Nessa comédia irritante - como disseram alguns, bailam máscaras.

Cada um só enxerga o que lhe convém para que o seu mundinho não seja pertubardo, assim é importante que todos cumpram seus pápeis e sejam bonzinhos.
E o Ravn cuida muito bem de todos os detalhes para que tudo saia assim, até inventa um chefe para cada funcionário de acordo com os perfis dos mesmos para que estes possasm se identificar com o desconhecido e assim não notarem muito sua ausência.
Só se pode tirar as máscaras nos bastidores, quando ninguém tá vendo, aí a funcionária do RH pode ter um caso com o chefe, a tímida recepcionista pode se apaixonar e planejar casar com o mesmo e Ravn pode roubar a todos e planejar vender a empresa.

Caramba! Como ninguém percebeu isso?
Ou melhor, porque é tão importante para todos não perceber isso?

Coitado do Kristoffer! Preocupado com o destino de seu personagem não viu que não era o único que estava atuando.

Ei..! Isso não era para ser um filme sem pretensões reflexivas?
E porque nos deixou sem muito o que falar na discussão?
O Silêncio? Só James explica!

Mas depois de uma sessão de filmes patrocinados pela familia vingança, foi muito bom!
Termino meu texto com a melhor frase do filme:
"O outono é escuro!" (não podia falta, né?! )

11.14.2009

O Grande Chefe - Lars von Trier





O filme O Grande Chefe do cineasta Lars Von Trier começa com o reflexo de uma grua de filmagem nas janelas de um edifício, paralelamente contextualizado por uma narração dizendo que apesar deste reflexo, o filme não é para reflexão. Na verdade o narrador diz que é uma comédia que não ensina nada e não há nada que se possa acrescentar.

O enredo do filme é bastante irritante, pois o processo de seleção de imagens, de posição das câmeras, o enquadramento e a seleção de som foram feitas por um computador automatizando o processo de fotografia. Isto faz com que em diversas cenas os enquadramentos sejam cortados e sem sentido. O filme não tem trilha sonora, apenas os sons ambientes. Os planos do cenário são estáticos e o sett é o escritório. Desta forma, Lars Von Trier tenta ‘provar cinicamente ao público’ que o ser humano não é necessário.

A comédia niilista perpassa através da interpretação de um ator que faz o papel de um “grande chefe”. Função esta, inventada pelo próprio dono da empresa que não simpatiza com idéia de se tornar impopular, pois gosta do papel de chefe carismático. Desta forma, ele contratou um ator para que possa tomar as decisões impopulares.

Não demora muito, para que o ator passe a gostar do personagem e alertado pela ex-mulher, começa a se incomodar com os problemas éticos da empresa. Nestes personagens são satirizados os funcionários “medíocres e padrões” em diversas organizações, que muitas vezes alienados pelo sistema fazem parte de uma mais valia capitalista.

O executivo inescrupuloso da empresa dinamarquesa planeja vender a sua empresa, porém não inclui nenhum dos funcionários em seus planos. E como ele fundou a empresa com dinheiro roubado dos próprios diretores, ele não tem coragem de contar a verdade. Ele se nutre da fama de bom chefe e inventou para os funcionários que o ‘verdadeiro’ chefe mora nos EUA, omitindo assim suas responsabilidades.

Em meio a improvisos do ator chefe de todos, ele começa a sentir realmente a responsabilidade de seu papel e tenta amenizar os conflitos dos funcionários obrigando o executivo a confessar suas decisões aos funcionários. Ele o faz, porém como um bom canalha, o envolve ainda mais, dizendo que idéia teria partido do chefe de todos. Neste jogo-de-empurra de quem seria o verdadeiro chefe e frente a venda da empresa o executivo confessa seus atos inescrupulosos e os funcionários o perdoam por sua sinceridade.

Neste ínterim de atos ‘sentimentalistas dinarmaquês’, o ator não se satisfaz com o final feliz, entra em uma crise de personagens e decide vender a empresa. Afinal o executivo não poderia sair do inferno para um final feliz. A advogada da empresa do executivo Islandês, que é a ex-mulher do ator Kristoffer, se irrita com toda essa confusão prolixa, lembra ao executivo Islandês que “quem negocia com homens sem caráter não negocia com ninguém”, na tentativa de encerrar o negócio. Porém, o executivo pondera dizendo que o Kristoffer tem essa suposto autorização e ele quem está com o poder no momento.

Enfim, a empresa é vendida e os funcionários são demitidos. O filme termina com o monólogo dos limpadores de chaminé.

Parafraseando o filme “...Gostaria de me desculpar, para aqueles que queriam mais e para aqueles que queriam menos. Aqueles que conseguiram tudo o que queriam tiveram tudo o que mereceram.”





Beijão pessoal !






Michelle Andrade

11.05.2009

Lady Vingança - discussão

(Bom, depois de caírmos em cima de James por causa do projetor...kkk)
O filme foi bem aceito pela galera e a discussão fluiu.
A maior parte dela se deu em torno das imagens onde a cor vermelho aparecia de forma destacada, como a mancha no rosto da personagem principal (Geum-Ja) e o bolo repartido ao final do filme.
Essa cena em particular foi apontada como de fato mto importante, já que surgiram mtas especulação a respeito. O fato de ter-se cantado parabéns nessa cena, nos indicou uma comemoração pelo fato de ter acontecido a morte do assassino e torturador das crianças (Sr. Baek), mas o que surgiu a partir do decorrer das nossas falas era a possibilidade de o bolo ter sido feito com o próprio sangue do Baek. Essa possibilidade gerou inquietação em todos nós, porque seria uma real possibilidade, já que em uma parte do filme Geum-Ja é dita como uma excelente cozinheira, daquelas que conseguem transformar os piores ingredientes e de pior qualidade em coisas incríveis (pratos deliciosos)!!!
Uma outra discussão girou em torno do porquê da tal vingança tão programada por treze anos da vida de Geum-Ja. Alguns chegaram a dizer que o fato de ela reunir todas as pessoas que irriam se sentir sensibilizadas ao ponto de quererem participar teria sido para diminuir sua culpa pela morte de Baek. Mas depois de muita conversa e comentários que foram feitos, passamos a pensar na possibilidade de ela ter quisto compartilhar não somente da responsabilidade pela morte, mas também, compartilhar do sentimento de Vingança pelas crianças assaassinadas por ele. Talvez por isso que casa um tinha o seu momento (e seu Kit-assassino! kkk - momento discontração) de poder se vingar. É como se as coisas acontecessem bem devagar para que causasse muito sofrimento nele.
Falando em sofrimento, lembrei da cena em que ele está amordaçado e ouvindo, imobilizado, à reunião na qual todos discutiam o que seria feito com ele! Comentamos ser essa uma cena importante! A angústia de se ver sendo assassinado, antes mesmo de isso estar acontecendo. Ouvir a preparação dos detalhes e todos os comentários tão cheios de ódio que eram ditos por aqueles pais...

Enfim, conversamos bastante!!!
Faltou Kleber:)

11.04.2009

Lady Vingança

Pensada e repensada, milimetricamente calculada, eis que surge uma nova prática terapêutica: a vingança. O politicamente correto é posto em cheque, direitos humanos para quê? Afinal, o ser-monstro já violou o direito do outro. Nada de cela especial ou cadeia limpinha, afinal o ser-monstro sempre será monstro, isto está na sua essência, e além do mais, temos direito a nossa vingança. Nada vai mudar: o crime não deixará de ter sido praticado, o ser-monstro não será reeducado/ressocializado, mas deixar que ele apodreça até a morte - seja numa cela insalubre ou nas mãos de um carrasco - irá diminuir nosso sofrimento, economizaremos então nos psicotrópicos e nas idas e vindas ao psiquiatra (porque psicólogo mesmo só se for para o ser-monstro, evitando que este não se revolte e acabe num suicídio, assegura-se assim que ele sofra durante todo o tempo que lhe foi conferido). Além de funcionar como prática terapêutica há mais uma vantagem, a vingança também funciona como instrumento de segurança pública na medida em que torna invisível o tal ser ao meio social, surge então o lema quanto mais vingança mais segurança. Quem sabe a partir desta nova e tão antiga prática terapêutica um mundo perfeito pode ser então produzido.

10.21.2009

Phi (pequeno comentário)

Comentários ilógicos ou seria lógica sem comentários. Taí a primeira coisa suscitada após assistir Phi. O filme é um misto de racionaliadade com loucura. Mostra a história de um matemático que procurava a norma subjacente que controlava a bolsa de valores, já que acreditava que a lógica matemática está presente em tudo. Nesse diapasão, é seguidor de alguns matemáticos que incumbem à matemática a prerrogativa de explicar o mundo, até mesmo os fenômenos sociais. Max, o personagem principal do filme, é absorvido em seus próprios pensamentos de encontrar a norma que regia a bolsa de valores; sendo levado às raias da loucura. Quando então percebe que, ou abandonava o projeto almejado ou abandonava a si mesmo; acaba por abandonar o projeto e talvez perceba que na vida, muitas vezes, a lógica é não ter lógica subjacente. Obs: Se você não entendeu alguma parte do comentário, então você entendeu o filme.

10.19.2009

A (i)logicidade de PI - Parte Primeira

Legendas que sobem. A música que toca ao fundo. As palmas se fazem ausentes. O riso, tampouco, mostra-se. Mas há o silêncio, a inquietação, o olhar inquiridor de um para o outro. As palavras que não se fazem ouvir. pensamentos conflitantes. Há negações e afirmações. Sobre o que trata o filme mesmo? Todos se fazendo a mesma e trágica pergunta.
Padrão, a falta dele, loucura, matemática, alucinação. Seria dessas coisas que fala o filme? Não, não pode ser. É muito surreal. Não conseguimos apreender o que vimos utilizando-se de nossa lógica. Certo é que filme é sempre filme; as imagens foram percebidas, mas a estória, essa sim, é a fonte da inquietude.
Não é para menos: um filme que versa sobre padrão, quebrara o nosso próprio. Claro. É evidente. Não teria sido essa a intenção primeira de quem o idealizara? Talvez nunca o saberemos. Mas, concedamos, a nós mesmos, a chance de pensar livremente; como deve ser feito. Transportemo-nos para fora de nossos corpos - um exercício de imaginação. O que vemos? esse seu primeiro pensamento está correto. Sim. Agora o compartilhe: observamos um grupo que, com certa frequencia, reune-se em dado dia e local, para discutir texto ou filme. Aí é que está, porque esse é um modo padrão. Ou, não é a rotina um padrão? Não segue ela uma norma? Quão difícil seria para outro, reproduzir o que fazemos? E a razão (no sentido de proporção), que rima por sua vez com padrão, não é o que existe entre os números e que lhes dá existência? Não é através dela que reproduzimos, por exemplo, a sequência de Fibonacci?
Seguimos, talvez por conveniência, ou mais por conformismo, um phi que criamos para nós. Dizemos de um número que parte de dentro e que pode ser visualizado nas ações do dia-a-dia. Através dele, pesamos e pensamos todas as coisas. Uma ruptura nesse padrão (falemos em phi interno, já que nos demos permissão para o livre pensamento) - uma frase lida, situação presenciada, filme visto... - gera desconforto e implica na busca de um novo parâmetro a ser seguido. Este, só pode ser construido se houver certa logica que o subisidie.


De certo modo, a procura da matemática em desvelar o enigma que é a realidade, utilizando-se de símbolos e caracteres próprios, tem sido encarada como loucura. Veja-se, por exemplo, gênios da física e da matemática prestarem-se a essa alcunha: Arquimedes, Einstein, Tesla, entre outros. Em "PI", tal idéia é ainda mais evidenciada quando o protagonista, Max, tenta encontrar uma lógica subjacente à bolsa de valores.
Observamos tabém em Max Cohen, a figura do ermitão que serve a uma causa e almeja a iluminação através do conhecimento. O recluso. A sabedoria fora da sociedade. A sabedoria além-mundo. A imagem do cientista anti-social em sua busca, a todo custo, pela verdade.