11.14.2009

O Grande Chefe - Lars von Trier





O filme O Grande Chefe do cineasta Lars Von Trier começa com o reflexo de uma grua de filmagem nas janelas de um edifício, paralelamente contextualizado por uma narração dizendo que apesar deste reflexo, o filme não é para reflexão. Na verdade o narrador diz que é uma comédia que não ensina nada e não há nada que se possa acrescentar.

O enredo do filme é bastante irritante, pois o processo de seleção de imagens, de posição das câmeras, o enquadramento e a seleção de som foram feitas por um computador automatizando o processo de fotografia. Isto faz com que em diversas cenas os enquadramentos sejam cortados e sem sentido. O filme não tem trilha sonora, apenas os sons ambientes. Os planos do cenário são estáticos e o sett é o escritório. Desta forma, Lars Von Trier tenta ‘provar cinicamente ao público’ que o ser humano não é necessário.

A comédia niilista perpassa através da interpretação de um ator que faz o papel de um “grande chefe”. Função esta, inventada pelo próprio dono da empresa que não simpatiza com idéia de se tornar impopular, pois gosta do papel de chefe carismático. Desta forma, ele contratou um ator para que possa tomar as decisões impopulares.

Não demora muito, para que o ator passe a gostar do personagem e alertado pela ex-mulher, começa a se incomodar com os problemas éticos da empresa. Nestes personagens são satirizados os funcionários “medíocres e padrões” em diversas organizações, que muitas vezes alienados pelo sistema fazem parte de uma mais valia capitalista.

O executivo inescrupuloso da empresa dinamarquesa planeja vender a sua empresa, porém não inclui nenhum dos funcionários em seus planos. E como ele fundou a empresa com dinheiro roubado dos próprios diretores, ele não tem coragem de contar a verdade. Ele se nutre da fama de bom chefe e inventou para os funcionários que o ‘verdadeiro’ chefe mora nos EUA, omitindo assim suas responsabilidades.

Em meio a improvisos do ator chefe de todos, ele começa a sentir realmente a responsabilidade de seu papel e tenta amenizar os conflitos dos funcionários obrigando o executivo a confessar suas decisões aos funcionários. Ele o faz, porém como um bom canalha, o envolve ainda mais, dizendo que idéia teria partido do chefe de todos. Neste jogo-de-empurra de quem seria o verdadeiro chefe e frente a venda da empresa o executivo confessa seus atos inescrupulosos e os funcionários o perdoam por sua sinceridade.

Neste ínterim de atos ‘sentimentalistas dinarmaquês’, o ator não se satisfaz com o final feliz, entra em uma crise de personagens e decide vender a empresa. Afinal o executivo não poderia sair do inferno para um final feliz. A advogada da empresa do executivo Islandês, que é a ex-mulher do ator Kristoffer, se irrita com toda essa confusão prolixa, lembra ao executivo Islandês que “quem negocia com homens sem caráter não negocia com ninguém”, na tentativa de encerrar o negócio. Porém, o executivo pondera dizendo que o Kristoffer tem essa suposto autorização e ele quem está com o poder no momento.

Enfim, a empresa é vendida e os funcionários são demitidos. O filme termina com o monólogo dos limpadores de chaminé.

Parafraseando o filme “...Gostaria de me desculpar, para aqueles que queriam mais e para aqueles que queriam menos. Aqueles que conseguiram tudo o que queriam tiveram tudo o que mereceram.”





Beijão pessoal !






Michelle Andrade

2 comentários:

Kleber disse...

Eu queria uma música naquele filme. Não fiz por onde merecer. Também queria ver aqui, um pouco da pouca conversa que O grande Chefe despertou em nós na sala. Estava muito cansado na quinta feira. Tripla jornada. Quem sabe ela apareça. Abraço!

J. Thiago disse...

O lance do chefe-do-chefe-de-todos foi uma jogada muito bacana. É aquele lance de sempre colocar a culpa num "de-fora": a culpa é do sistema, do capitalismo, da gerência, do governo! A gente se exclui dessas coisas mesmas que nos constituem, como o pedante a dizer que o julgamento do "povo" é sempre equivocado...