10.19.2009

A (i)logicidade de PI - Parte Primeira

Legendas que sobem. A música que toca ao fundo. As palmas se fazem ausentes. O riso, tampouco, mostra-se. Mas há o silêncio, a inquietação, o olhar inquiridor de um para o outro. As palavras que não se fazem ouvir. pensamentos conflitantes. Há negações e afirmações. Sobre o que trata o filme mesmo? Todos se fazendo a mesma e trágica pergunta.
Padrão, a falta dele, loucura, matemática, alucinação. Seria dessas coisas que fala o filme? Não, não pode ser. É muito surreal. Não conseguimos apreender o que vimos utilizando-se de nossa lógica. Certo é que filme é sempre filme; as imagens foram percebidas, mas a estória, essa sim, é a fonte da inquietude.
Não é para menos: um filme que versa sobre padrão, quebrara o nosso próprio. Claro. É evidente. Não teria sido essa a intenção primeira de quem o idealizara? Talvez nunca o saberemos. Mas, concedamos, a nós mesmos, a chance de pensar livremente; como deve ser feito. Transportemo-nos para fora de nossos corpos - um exercício de imaginação. O que vemos? esse seu primeiro pensamento está correto. Sim. Agora o compartilhe: observamos um grupo que, com certa frequencia, reune-se em dado dia e local, para discutir texto ou filme. Aí é que está, porque esse é um modo padrão. Ou, não é a rotina um padrão? Não segue ela uma norma? Quão difícil seria para outro, reproduzir o que fazemos? E a razão (no sentido de proporção), que rima por sua vez com padrão, não é o que existe entre os números e que lhes dá existência? Não é através dela que reproduzimos, por exemplo, a sequência de Fibonacci?
Seguimos, talvez por conveniência, ou mais por conformismo, um phi que criamos para nós. Dizemos de um número que parte de dentro e que pode ser visualizado nas ações do dia-a-dia. Através dele, pesamos e pensamos todas as coisas. Uma ruptura nesse padrão (falemos em phi interno, já que nos demos permissão para o livre pensamento) - uma frase lida, situação presenciada, filme visto... - gera desconforto e implica na busca de um novo parâmetro a ser seguido. Este, só pode ser construido se houver certa logica que o subisidie.


De certo modo, a procura da matemática em desvelar o enigma que é a realidade, utilizando-se de símbolos e caracteres próprios, tem sido encarada como loucura. Veja-se, por exemplo, gênios da física e da matemática prestarem-se a essa alcunha: Arquimedes, Einstein, Tesla, entre outros. Em "PI", tal idéia é ainda mais evidenciada quando o protagonista, Max, tenta encontrar uma lógica subjacente à bolsa de valores.
Observamos tabém em Max Cohen, a figura do ermitão que serve a uma causa e almeja a iluminação através do conhecimento. O recluso. A sabedoria fora da sociedade. A sabedoria além-mundo. A imagem do cientista anti-social em sua busca, a todo custo, pela verdade.


6 comentários:

Kleber disse...

De todos os pesos, nenhum é tão insólito quanto o infinito. Carregar o infinito na cabeça é pior que carregar uma lata d`água. A melhor sabedoria é a dos meio-sabedores. Se a lata vai cheia, volta vazia. Abraço!

alisson disse...

Professor pra bom entededor meia palavra basta, mas nessaeu boiei.

Diego disse...

É, eu tbm.

Kleber disse...

Esse negócio de metáfora atrapalha. Vamos no que está mais na cara então. Lata cheia diz do conhecimento por inteiro, completo. O peso máximo; absoluto. O vazio não há, pois como diz um bordão; "o vazio está cheio de ar", ou melhor, o vazio se completa em coisas que não se sabe. O PI é infinito e completo. Por isso pesado. O meio-sabedor é essa figura que conversa com o PI e as árvores sob o céu e ao sabor do vento. A beleza não é infinita e se dispõe apenas aos meio sabedores, assim como a liberdade. Será que melhorou? Abraço!

Diego disse...

Agora ficou claro! ;)

Felipe Messias disse...

Seria tão mais fácil se ele sempre explicasse as coisas assim ^^

hahahahaha

Abraço Kleber